Numa sociedade competitiva como a nossa, o ato de etiquetar o outro como diferente e inferior tem por função definir-nos por comparação, como superiores. Atribuir características negativas aos que nos cercam significa ressaltar as nossas qualidades reais ou imaginárias.
Seria, pois, errado falar em minorias?
Não, uma vez que o conceito de minoria é ideológico, socialmente elaborado e não aritmeticamente constituído.
Quando se fala em minorias tem sempre um gaiato que diz que as minorias são a maioria, pois se somarmos as mulheres aos negros, aos migrantes e aos outros já teríamos uma ampla maioria.
Teríamos, sim, se estivéssemos falando em matemática e não de preconceito.
Afirmações do tipo "os portugueses são burros", "os italianos são grossos", "os árabes, desonestos", "os judeus, sovinas", "os negros, inferiores", "os nordestinos, atrasados", e assim por diante, têm a função de contrapor o autor da afirmativa como a negação, o oposto das características atribuídas ao membro da minoria. Assim, o preconceituoso não sendo português, se considera inteligente; e assim por diante.
(Jaime Pinsky. In: Jaime Pinsky, org. 12 faces do preconceito. São Paulo: Contexto, 2000. p. 21-2.)
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